DENTES DO SISO, REMOVÊ-LOS OU NÃO? ALGUMAS ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES E SUGESTÕES AO PROFISSIONAL QUE IRÁ REALIZAR A CIRURGIA.

Os terceiros molares, ou como também são chamados dentes do siso, são os últimos a aparecerem na cavidade oral, tendo sua formação completa por volta dos 16 aos 21 anos e localizam-se nas extremidades da arcada dentária, normalmente contendo 4 dentes (um superior e um inferior de cada lado). Os sisos, do latim que é sinônimo de “juízo, bom senso, discernimento, sensatez, prudência”, justamente por aparecerem na fase da juventude.

Qual sua utilidade?

Muito vem se discutindo sobre sua utilidade e ao longo da evolução humana mostram-se cada vez menos utilizados na mastigação.

Com a mudança em geral de uma dieta com alimentos mais duros como carnes e vegetais crus, para uma dieta mais pastosa e de alimentos processados, acaba influenciando o organismo a utilizar menos os dentes do siso, o que justificaria algumas pessoas já nascerem sem os mesmos. Há uma diminuição no esforço mastigatório, o que gera um menor estímulo de crescimento da mandíbula.

Com toda a gama de informações existentes sobre estes dentes surgem muitos questionamentos ao paciente quanto às indicações para sua extração. O que pode vir a ocorrer se não retirá-los? Como se dá o procedimento? Dentre outras dúvidas que procuraremos esclarecer.

Como saber se tenho meus sisos?

Geralmente se nota a presença desses dentes em duas situações, quando estão incomodando por algum processo inflamatório local causando dor ou através de exames de imagem odontológicos de rotina.

Sem dúvida alguma, uma avaliação clínica e radiográfica por um especialista capacitado é imprescindível, onde serão avaliados não só o elemento dentário em si, mas todas as variáveis sistêmicas do paciente, desde alergias a medicamentos, risco de fraturas ósseas e parestesias (danos ao nervo), dando assim seguimento com um planejamento adequado para que o procedimento ocorra da melhor forma para o bem-estar do paciente.

Caso não retire, terei problemas?

Algumas das indicações da remoção do siso são:

– Dentes com cáries extensas, ou que estejam causando cáries ao elemento dentário vizinho;

– Dentes inclusos e/ou impactados associados a patologias como cistos e tumores;

– Desalinhamento dentário, que, apesar de controverso, ainda se acredita que seja um dos fatores contribuintes;

– Dentes que não estejam em função ou que não possuam antagonista (dente correspondente na arcada oposta);

– Dentes com pericoronarite (pele recobrindo parcialmente o dente), causando dor e processo inflamatório local.

Dentre todas essas indicações de remoção dos sisos ainda poderíamos citar a remoção de maneira profilática, ou seja, para prevenir que no futuro venha a ocorrer algumas dessas complicações. Lembrando que quanto mais jovem o paciente se submete a esse procedimento melhor o prognóstico, visto que diminui os riscos de fratura mandibular (osso mais elástico) e os riscos ao nervo (por não possuírem raiz totalmente formada) e de interferência na ortodontia.

Então todos os sisos devem ser removidos?

Ainda assim não é verdade que todos os sisos precisam ser removidos. Alguns dentes em função podem ser mantidos na cavidade oral, se atentando que se deve ter um cuidado redobrado quanto a higienização e acompanhamento radiográfico periódico para prevenir possíveis eventualidades.

Vou retirar meus sisos. Qual próximo passo?

Optando pela remoção dos sisos, surgem novas dúvidas. Como é o procedimento? Apresenta dor? Quanto tempo de procedimento? Anestesia local, geral ou sedação consciente?

Alguns conceitos prévios em relação às extrações dos sisos são formados, seja por algum parente que relatou doer, algum trauma na infância ou até mesmo por procedimentos prévios realizados com profissionais com menos experiência que causaram algum dano ao paciente.

É fato que a extração dos terceiros molares, apesar de corriqueira na vida de um cirurgião, é um dos procedimentos mais desafiadores das cirurgias bucais, pois extrações não são “receita de bolo” e os profissionais devem estar capacitados para intervir no trans-operatório (durante a cirurgia) em frente a qualquer complicação cirúrgica.

Escrito pelo Prof. Dr. Antenor Araújo – Cirurgião Bucomaxilofacial